sexta-feira, 6 de abril de 2007

O VENTO

O vento me segue, fluindo numa outra estrada.

Derrapo sobre o medo católico dos meus dedos.

Não o toco. Se desafiar seu riso, não sobrevivo.

Sigo o vento, me seguindo.

Vendo os olhos, ouvindo...

Flutuando na penumbra envenenada,

sujo os dedos de arnica e espirro uma risada.

Atenção no front – a guerra continua.

Não sem o mito. A fagulha alternada do grito.

Folhas negras se machucam no asfalto.

O falho olfato do orgulho nato.

Olho do fato, germe do mato – juro que mato!

O remédio é um instante bem observado.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Luz e sombra

A luz é essencial numa foto. Mas, no meio da madrugada, entre pensamentos distantes e nostalgia, a luz incomoda. E é difícil, neste momento, tomar a decisão de abrir um flash e queimar os rumos naturais do cérebro. Melhor uma velocidade lenta, porém, pulsante, como o coração que descansa no fluir especular da respiração. A foto pode até sair tremida, mas o que importa é o contato preciso do coração com as lembranças, seguido de uma imagem, mesmo que distorcida. A luz dá lugar a sombra que, para continuar nutrida, compensa sua perda com alguma claridade. Os pensamentos idem.