sábado, 20 de outubro de 2007

Revolução musical

A música precisa de uma revolução. Começando por nós, ouvindo melhor. Me peguei ouvindo Iggy Pop no último volume, quase pulando da cadeira e indo dançar no meio da rua, gesticular para o povo sem noção que insiste no funk carioca e no forró rastapé. Não sei. Alguma coisa deu errada no meu conceito musical, pois não consigo ouvir o que a massa ouve. Não que Iggy Pop seja bom, mas já fez diferença um dia. Agredir a sociedade era um sinal de que as coisas precisavam mudar. E mudaram: pra pior. O que me entristece não é o povo ouvir forró. É tentar imaginar o que isso será daqui uns anos. A música eletrônica evoluiu e eu gosto de algumas coisas. O rock continua a mesma coisa de sempre, não passando dos 3 ou 4 acordes e letras mais ou menos. Perdemos a poesia, os grandes pintores, alguns músicos legais e o cinema anda meio capitalista demais. Qual será nossa abstração? Uso esse termo, pois não me arrisco a chamar a coisa atual de arte. Arte é transformação, evolução e não essa coisa gigante e tosca que assola nossos dias. "Há tempos o encanto está ausente...".

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pressentimento

Esse meu pressentimento é, desde sempre, meio esquisito, porém, verdadeiro a ponto de eu não brincar com ele. Eu o respeito como a força de Deus. Eu não me sinto forte o suficiente para bloqueá-lo e nem sei se isso realmente resolveria, caso pudesse. A minha vida mudou. Tudo mudou rapidamente e acho que meu coração não teve tempo para se acostumar, embora minha mente alucinada já esteja até mais longe. No tempo relativo de Einstein não consta o tempo do delay do coração com a mente nem a velocidade do pensamento que não respeita o coração. Definitivamente, um independe do outro. Caso eu fosse outro, me daria o conselho de não tentar barrar essa disposição do tempo. O tempo me agride e me ajuda. Cada dia que vivo aprendo e ensino sobre esse grande e poderoso aliado. Muitas vezes inimigo. Estou em reforma. Já estive em forma. E essa angústia é um sinal de que algo no caminho entre a mente e o coração está errado. Um pouco de prazer talvez resolva.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pássaros mortos no sonho

Sonhei com pássaros negros mortos sobre uma marquise de vidro. O que isso significa?

sexta-feira, 6 de abril de 2007

O VENTO

O vento me segue, fluindo numa outra estrada.

Derrapo sobre o medo católico dos meus dedos.

Não o toco. Se desafiar seu riso, não sobrevivo.

Sigo o vento, me seguindo.

Vendo os olhos, ouvindo...

Flutuando na penumbra envenenada,

sujo os dedos de arnica e espirro uma risada.

Atenção no front – a guerra continua.

Não sem o mito. A fagulha alternada do grito.

Folhas negras se machucam no asfalto.

O falho olfato do orgulho nato.

Olho do fato, germe do mato – juro que mato!

O remédio é um instante bem observado.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Luz e sombra

A luz é essencial numa foto. Mas, no meio da madrugada, entre pensamentos distantes e nostalgia, a luz incomoda. E é difícil, neste momento, tomar a decisão de abrir um flash e queimar os rumos naturais do cérebro. Melhor uma velocidade lenta, porém, pulsante, como o coração que descansa no fluir especular da respiração. A foto pode até sair tremida, mas o que importa é o contato preciso do coração com as lembranças, seguido de uma imagem, mesmo que distorcida. A luz dá lugar a sombra que, para continuar nutrida, compensa sua perda com alguma claridade. Os pensamentos idem.

quarta-feira, 28 de março de 2007

A minha fotografia


Quando pressiono o botão de disparo da minha câmera fotográfica, ponho tudo a perder. Perco a noção de tempo, espaço e nem sei se as estrelas ainda estão vivas. Perco alguns neurônios, sais minerais e uma boa parte de glicose, também. Perco aquela sensação vertiginosa do flash, pois estou com o olho no pentaprisma e apenas sinto a vibração do diafragma. Minha mente também abre e fecha. A luz entra e, enquanto a última cena ainda passeia pelos nervos, procurando um local no lóbulo para se alojar, a outra já está acontecendo e meu dedo, novamente, está pronto para mais um clique. Tenho na memória que somente o violino, também instrumento de arte como a câmera, é usado pelo rosto durante uma performance criativa. Minhas fotos também, às vezes, possuem a agudez de um violino. Agudez suave e digna, diga-se de passagem. Sentir o bater da foto com o rosto colado na câmera é como tocar um elástico entre os dentes. Ninguém ouve, ninguém vê... E o mistério de uma foto é tudo o que eu não posso perder.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Início

As fotos se manifestam. As letras as interpretam.